Autor: Mikhael Abdallah de Oliveira Pinto
NUSP: 12542442
Orientador: Prof. Dr. Fabio Kon
Coorientador: Prof. Dr. Paulo Meirelles
A Lei Municipal 16.547/2016 de São Paulo instituiu o programa BikeSP, que prevê incentivos financeiros para promover o ciclismo urbano como meio de transporte sustentável. Por meio de um convênio firmado entre a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte e o IME-USP, nosso grupo de pesquisas iniciou os estudos em 2023 para gerar evidências científicas que fundamentem a regulamentação dessa lei. Em 2025, foi iniciado o projeto piloto, que envolveu 1217 participantes divididos em três coortes com diferentes níveis de remuneração por quilômetro pedalado.
A execução do piloto exigia uma infraestrutura robusta de gestão operacional, incluindo controle de inscrições, atribuição de coortes, cálculo de remunerações, tratamento de contestações e auditoria de transações financeiras. Não havia ferramentas adequadas para gerenciar a complexidade do experimento, que combinava aspectos técnicos (validação de viagens via GPS), administrativos (gestão de 3 mil inscrições) e financeiros (pagamentos via SPTrans). A operação manual desses processos seria inviável dada a escala do projeto.
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um painel administrativo web que centralizou toda a gestão operacional do piloto BikeSP. O sistema implementou funcionalidades para inserção de usuários, gerenciamento de coortes, concessão de bônus, cálculo e auditoria de remunerações, tratamento de contestações, visualização de viagens em mapas, envio de notificações e correção de dados de geolocalização. A arquitetura integrou-se ao aplicativo móvel, ao banco de dados PostgreSQL e à infraestrutura de pagamentos da SPTrans.
O piloto alcançou resultados expressivos: mais de 30 mil viagens registradas, totalizando 195 mil quilômetros pedalados ao longo de dois meses de coleta intensiva de dados. O painel processou com sucesso todas as operações financeiras, gerenciou o desenho experimental com alternância semanal de coortes e apoiou o atendimento a participantes. Um formulário de avaliação aplicado aos principais usuários revelou unanimidade quanto à utilidade do sistema (média 4,6/5 em facilidade de uso) e confirmou que o painel viabilizou a execução do piloto.
O painel desenvolvido foi declarado como essencial pelos coordenadores do projeto, sendo descrito como impossível conduzir o experimento sem ele. Os dados coletados fundamentarão um documento de recomendações para a regulamentação da Lei Municipal 16.547/2016. O sistema está sendo adaptado para replicação em Fortaleza, demonstrando seu potencial de impacto em políticas públicas de mobilidade urbana em outras cidades brasileiras.